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O CAUTELEIRO

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Hoje anda a roda

Diz o cauteleiro

Compre uma cautela

Que vos sai muito dinheiro.

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E o cauteleiro

Promete milhões

Quando ele apenas

Só tem uns tostões.

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Vende cautelas de Esperança

A sorte dele foge

Volta sempre a ser criança

Quando grita anda hoje.

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Não espera sorte ter

Só quer ter saúde e alegria

Já se considera feliz

Com o pão de cada dia.

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Pelas ruas da cidade

Vai lançando os seus pregões

Hoje anda a roda

Comprem que dá milhões.

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Quando chega ao fim do dia

De voz enrouquecida

De tanto gritar

Pouca cautela vendida.

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É assim todos os dias

E na sua pobreza

Tão pouco ganha

Pra ter pão na mesa.

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E na sua simpatia

Há quem dele vá gostar

Comprem uma cautela

Quem me quer ajudar.

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E o cauteleiro que é pobre

A essa vida tem amizade

Que ao vê-la terminar

             Sente por ela saudade.              

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Maria Alda C. Ferreira