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OS   TEMPOS

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Existem dois senhores

Que não se dão nada bem

Um anda sempre triste

O outro alegria tem.

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Andam sempre afastados

Evitam se encontrar

Porque sabem muito bem

Que logo se vão zangar.

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E quando se encontram

Começam a discutir

Um com aspeto de mau

O outro sempre a rir.

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Ouve lá ó bom tempo

Porque te ris de mim

Porque tu mau tempo

Para todos és ruim.

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Eu sou o risonho sol

Que a todos dou alegria

E tu só dás desgraça

A todos em cada dia.

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Não sabes a razão

Porque ando chateado

E quando apareço na Terra

Deixo tudo inundado.

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Devias ser melhor

Teres um pouco de tolerância

E mandares a tua água

Com menos abundância.

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E tu quando a Terra aqueces

Logo tudo vais queimar

Está mas é caladinho

Não me estejas a criticar.

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Eu posso não ser bom

É melhor que te vás calar

Tu bom também não és

Não te estejas a gabar.

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Ouve lá ao mau tempo

Que me dás vontade de rir

Eu não me estou a gabar

Tu não devias de existir.

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E esta discussão

Nunca mais tinha fim

O tempo bom se calou

Pra se calar o tempo ruim.

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Então ficaram caladinhos

Viram que não tinham razão

Era melhor ficarem amigos

E lá foram dar as mãos.

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Depois de muito pensarem

No tempo melhor que era

Acabaram por concordar

Que era a Primavera.

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Maria Alda C. Ferreira